é o que temos para hoje, casa de eva, 2022

 
 
 
 

Ao pensar na natureza sendo eliminada do nosso planeta, resgato alguns elementos orgânicos, descartados ou encontrados pelo meu caminho. Inicialmente, fiz uma instalação, numa exposição da qual participei em 2022, reconstruindo o tronco de uma árvore, usando apenas cascas que foram retiradas por um jardineiro. Elas não possuíam nenhuma sustentação. O alicerce já não existia. As cascas eram apoiadas entre si, mas com um leve toque, podiam rapidamente desmoronar... era uma falsa aparição, do que na verdade, não se podia sustentar!

 
 
 
 
 
 
 

tessituras da terra

 
 
 

Ao resgatar estas cascas, senti um grande desejo de manipular a terra, especificamente com o barro.

 
 
 

As primeiras formas foram bem intuitivas, mas aos poucos, percebi que deveria explorar formas com a técnica da cerâmica, que permitiria o contato com os elementos da terra, da água e do fogo. O intuito foi moldar corpos e criar espaços, como abrigos, para esses resíduos abandonados e inexistentes.


primeira exploração pensando na casca

 
 
 
 
 

segunda exploração da casca

 
 
 
 

terceira exploração usando literalmente as Cascas

 
 
 

 


Uiracuité, João de Barro, 2022
argila terracota, óxido de ferro e galhos
modelagem manual
queima a 1220º, forno elétrico

 
 
 
 
 
 
 
 

A partir do que restou, procuro dar aconchegos, quando envolvo por exemplo, uma raiz com o barro. Ofereço casulos ou camadas de cascas, como se fossem peles, envolvidas pela barbotina que é a mistura da argila com a água. Surgem os refúgios, as casas como forma de proteção, que nomeei “João-de-barro” (também chamado uiracuiar e uiracuité (de origem tupi-guarani, Gwirá, "pássaro" e Ku'ya, "cuia/abrigo") 

 
 
 

Corpo abrigo, 2022
argila terracota, cascas, barbotina, esmalte e galhos
modelagem manual
queima cone 6, forno elétrico

 
 
 
 

 


No âmago profundo do ser, 2023
argila terracota, barbotina, galhos e pó xadrez vermelho
modelagem manual
queima a 1220ºC, forno elétrico

 

Por meio desse processo de tessituras da terra, reverencio Mãe Gaia e me deparo com o âmago profundo que é a parte mais profunda e entranhada do ser. É a busca da essência e da alma. Na botânica, está situado no interior do tronco das árvores.

Nesse âmago, a vida ainda pulsa!